Artigo de Fernando Gabriel no Diário Económico
A derradeira ironia é que o maior fabricante das lâmpadas preferidas pelo mandarinato europeu é a China, que desde que substituiu o socialismo por um capitalismo autocrático superou amplamente as ambições de Mao e já é a segunda maior economia mundial, enquanto as economias ocidentais definham sob o peso sufocante da regulação política dos mercados. Claro que o dr. Barroso não sonha com um plinto de horror sobre o qual possa celebrar a sua grandeza visionária de estadista sem Estado, mas interrogo-me se lá no fundo da cabeça não permanecerá acesa a lâmpada de Mao, uma luz insidiosa que o atrai para o planeamento central através da imposição de políticas comuns, em nome do “progresso” ou da “sustentabilidade”, às massas recalcitrantes que se recusam a reconhecer a superioridade do centralismo burocrático -ou das lâmpadas fluorescentes.
Depois da purga das lâmpadas, o alvo seguinte do ímpeto regulador europeu foram os ecrãs de plasma, um evidente luxo burguês, cujo consumo de energia fazia perigar o futuro ecológico do povo comunitário. Agora chegou a vez dos aspiradores: demasiada potência, demasiado consumo de energia. Os doentes asmáticos que não conseguirem viver com aspiradores de potência semelhante aos dos anos 60, não são “sustentáveis” -uma descrição que também se aplicaria aos mortos do maoísmo. A Europa está transformada num jardim zoológico humano, onde a “diversidade” e a “concorrência” são meticulosamente programadas, de modo a gerar um simulacro convincente de liberdade. Se os burocratas embirrarem com os aspiradores, nem poderei limpar adequadamente a jaula.