A tese do Prof Cardoso Rosas é simples. A desigualdade é má e vai conduzir-nos à desgraça. Ao mesmo tempo, uma aposta no igualitarismo poderá tirar-nos da crise. O problema são os detalhes. Nada na tese do Prof Cardoso Rosas parece bater certo.
Começa na qualificação da desigualdade. Porque é que ele é sempre e necessariamente má? E se resultar das decisões livres dos agentes? E se não for resultado de qualquer processo ilegal ou corrupto?
Depois temos a questão do crime e prosperidade. Perante o crescimento da criminalidade e do crescimento anémico da última década ao mesmo tempo que aumentavam a ritmo considerável as chamadas despesas “sociais” e o “investimento” público pergunto-me onde estarão os efeitos positivos do “estado social” que o Prof Rosas refere? Nem comento a sua sugestão acerca do SNS de tão risível que é.
Para terminar, parece-me estranho que se proponha como solução o aprofunda-me das polítcas que nos trouxeram ao abismo. Para realizar o desiderato do Prof Rosas o governo deveria previlegiar o aumento de impostos à redução de custos. Mesmo que passemos por cima dos efeitos económicos destas políticas sobre o crescimento económico, deve-mos recordar que os escalões superiores do IRS têm, em grande parte, efeitos propagandisticos. Quem paga a grande massa de impostos são os escalões intermédios. Os mesmos que o Prof Cardoso Rosas diz querer defender.
Nem o governo PSD/CDS é tão anti-estatista como na fantasia do Prof Rosas nem é possível sanear as finanças públicas de modo sustentável sem realizar cortes significativos nos programas do estado sociais. A alternativa é ficarmos cada vez mais pobres e talvez aí realizê-mos os ideiais igualitátios do Prof Rosas. Todos igualmente pobres.