No Jornal de Negócios:
António José Seguro aproveitou a entrevista à RTP para criticar o caminho seguido pelo Governo para consolidar as contas públicas em Portugal. O Governo propõe a austeridade e “proponho outro caminho” que passa por “ter como prioridade o crescimento e o emprego”.
Realmente o caminho proposto pelo líder socialista parece bem mais simpático e faz lembrar a fantástica redução do défice feita pelo primeiro governo de José Sócrates. Aproveitou o aumento da receita fiscal e manteve a despesa a subir a bom ritmo. Quando lhe faltou a receita foi o descalabro. A situação que herdou já não era famosa mas ele conseguiu deixar-nos em pior estado. Bem pior. É pois, perfeitamente natural que Seguro “Não consig[a] visualizar mais medidas de austeridade”. Para os socialistas não há vida para além do défice.
Tivesse sido outro o “alvo” da Sra Merkel e já teriamos uma dura reacção do socialismo nacionalista português. Ainda assim, estranho a falta de empenho na defesa da despesa pública como “motor do desenvolvimento”.

No Público
O deputado socialista João Galamba disse que os números põem em causa as afirmações do Governo quanto ao desvio da despesa na primeira metade de 2011. “Em contabilidade nacional, não há qualquer desvio da despesa. O único desvio, diz o INE, é nas receitas não fiscais – a Madeira, o BPN, etc.”, disse o socialista, acusando o Governo de, no orçamento rectificativo para 2011, ter procedido a uma “sobreorçamentação” da despesa de forma a “culpar” o Executivo de José Sócrates do tão falado “desvio colossal” nas contas públicas.
Morais Sarmento reagiu, dizendo que, no final do primeiro semestre de 2011, o défice atingiu cerca de 70% do total estimado para o total do ano. “Não há memória de isto ter acontecido noutro ano. Não é uma questão de sazonalidade”, garantiu.

“A agenda” de Ricardo Arroja no Diário Económico
[Dos] oitenta mil milhões de despesa [pública], quase metade é originada nos chamados Serviços e Fundos Autónomos. Segundo dados da Direcção Geral do Orçamento (…) só neste universo serão originados gastos de trinta e cinco mil milhões de euros (20% do PIB, três mil e quinhentos euros a cada português) em 2012. Note-se que, aqui, não me refiro aos gastos do Governo nem dos seus ministérios; refiro-me “apenas” aos institutos, às agências, às comissões, às entidades, às direcções, aos centros, às fundações, às administrações, aos serviços e fundos autónomos que, com estas ou outras designações, fazem parte do chamado Serviço Público.(…)
Enfim, fala-se hoje muito numa agenda para o crescimento. Na minha opinião, uma boa forma de começar seria libertando o País destas redundâncias, reduzindo o peso que um Estado excessivamente oneroso e regulamentador persiste em impor à economia. O combate pelo aumento da produtividade tem, pois, de começar no próprio Estado.

Compreendo que os cortes nos salários não seja nada agradáveis. Porém (tentodo-me colocar na posição deles) acharia preferível um corte salarial ao despedimento e consequente desemprego. Não tenham dúvidas. É que mesmo realizando cortes noutras áreas, dado o seu peso na estrutura de custos, é imperioso (e assim nos comprometemos no MoU) realizar cortes na massa salarial. Isto pode ser conseguido com cortes nos salários e/ou com cortes no pessoal. Se uma das alternativas se fechar restará apenas a outra. Não tenham dúvidas.

José Carlos Alexandre n’A Destreza das Dúvidas
Como é evidente, Cavaco Silva não é único responsável da actual crise – nem nunca ninguém disse tal enormidade. Há muitas causas e muitos responsáveis. Todavia, como afirmou Vasco Pulido Valente recentemente numa entrevista ao Público, foi “Cavaco que empurrou o carrinho pela descida abaixo.” Em especial, na última parte da sua governação (1991-1995) (…)
A título de exemplo (…) Cavaco Silva que criou um sistema de promoções automáticas na função pública, cujas ondas de choque na despesa do Estado se fizeram sentir muito para além do inicialmente previsto (…) e (…) criou o 14.º mês para os pensionistas(…)
Numa palavra, Cavaco Silva elevou as expectativas dos portugueses para níveis muito acima das possibilidades do país. E foi aí que começou o desastre. É verdade que os que vieram a seguir não emendaram os erros que vinham de trás, pelo contrário, agravaram ainda mais a situação. Só que nada disso iliba Cavaco Silva
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