As recentes declarações de Cavaco Silva têm sido aproveitadas por vários adeptos da causa monárquica para demonstrar a inferioridade e os defeitos das instituições republicanas. Pressupõem que esta polémica seria impossível caso tivéssemos um monarca em vez de um presidente da república. Das minhas leituras acerca da história do último rei português, recordo as inúmeras polémicas entre D.Carlos e as cortes acerca da “lista civil” e de eventuais “adiantamentos” que teriam sido feitos pelo executivo à revelia das primeiras.
Não tendo sido particularmente feliz ou dignificante (e vamos deixar por aí) uma enorme parte da actuação dos presidentes da República Portuguesa, o facto é que também nas monarquias se encontram exemplos muito pouco dignificantes que fazem maravilhas pela causa republicana.
A verdade é que o debate entre monarquia e república deve centrar-se no campo das instituições e não das pessoas que ocupam o cargo. E bem vistas as coisas, verifico não existir qualquer mecanismo na instituição monárquica que garanta o bom desempenho do cargo. Tanto no caso da monarquia como no da república, este depende mais das características pessoais dos ocupantes do que a natureza da instituição. E para controlar os potenciais e possíveis estragos nada melhor que a limitação temporal dos mandatos. Eu que nesta questão não me coloco decididamente em nenhum dos lados diria que a república ganha a devido a este pequeno pormenor. Que faz toda a diferença
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