
Luís Rocha no Blasfémias
Independentemente da opção tomada, o governo estaria sempre em cheque. A populaça comentará sempre em tom acrimonioso, como tão bem exemplificava a história de “o velho, o rapaz e o burro”. Mesmo que o modelo de privatização fosse o da venda em mercado aberto e em leilão competitivo, como aqui defendi. Isso representaria a opção pelo capitalismo popular, coisa mais escabrosa, ficaria a empresa na mão de uns milhares de alienados pelo lucro fácil e que venderiam na primeira oportunidade a quem quer que fosse, descurando totalmente os centros de decisão nacionais. Que já os perdemos há bastante tempo, mas é sempre uma tirada bonita, a puxar ao sentimento.
“O novo patriotismo da esquerda” de André Abrantes Amaral
O patriotismo que a esquerda está a adoptar não se funda no sentimento salutar de quem gosta do país onde nasceu como sendo a sua casa, o seu lugar. Surge, isso sim, como uma reacção ao que vem de fora, apelando aos instintos básicos, à paixão irracional e partindo do pressuposto de que ‘os outros’ nos estão a aldrabar. Pugna por uma independência nacional que visa o isolacionismo. Isolamento perante o investimento estrangeiro, como sinónimo de exploração, e aposta na produção nacional, boa ou má, como único meio de incentivar a produção e aumentar as exportações. Por isso, uma certa raiva contra a postura intransigente da Alemanha, a insensibilidade do FMI e da própria UE.(…)
A falência do Estado social vai-nos marcar bem mais do que podemos antever. É todo um modo de vida que vai ser alterado, obrigando-nos a acreditar mais uns nos outros, solidarizando-nos de modo mais genuíno e não automático, nem forçado. Algo que terá repercussões sociais e também políticas. Junte-se a isto as más escolhas que muitos farão de forma inesperada e desesperada e ainda vamos ver extremos opostos juntos e de mãos dadas a descer avenidas.
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