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Lá se foi o “peak oil”

“We were wrong on peak oil. There’s enough to fry us all”  de George Monbiot

Mas não pensem que ele ficou contente com isso: “A boom in oil production has made a mockery of our predictions. Good news for capitalists – but a disaster for humanity”

 

Quem te manda a ti sapateiro tocar rabecão (5)

O mal de repetirmos sentenças alheias em assuntos nos quais, clara e minimamente,  não dominamos é que arriscamos a ser repetidores de falácias grosseiras. Este risco é potenciado quando a fonte utilizada também está claramente fora da sua “zona de conforto”.

Um caso exemplo do que acima referi é o deste blogger que “simplesmente” se limita a repetir este artigo de Ferreira Fernandes sobre uma descida de notação da dívida grega em 1931 pela Moody’s que teria causado grandes infortúnios ao país e conduzido, anos mais tarde, à ditadura fascista do General Metaxas (que curiosamente enfrentou e derrotou a Itália fascista quando esta o tentou invadir em 1940/41). Ora Ferreira Fernandes pode ser um bom cronista mas se quiser falar sobre temas económicos necessita verificar a veracidade dos factos que relata e dedicar-se ao estudo da questão.

Aproveito para esclarecer os factos em causa. Um rápida pesquisa sobre o tema na wikipedia permite clarificar a questão. Leiam os dois curtos parágrafos sobre o período temporal em questão (“Dichotomization of the drachma” e “The Great Depression”).  Nos anos 20/30 do século passado (tal como agora) a Grécia não necessitou da “ajuda” das agências de notação para destruir a sua moeda e a economia. Os gregos mostram ser capazes de sozinhos darem boa conta do recado. E recordo que bastava recordar a mais que conhecida conjuntura económica internacional do período histórico em causa (aos anos30) para levantar suspeitar quanto à tese de Ferreira Fernandes.

Que este episódio nos sirva a todos de lição. A começar por mim.

Um mito recorrente

«Os “3/5 de pessoas”» de Miguel Madeira (Vento Sueste) a propósito deste post de Raquel Varela (5 Dias)

Portanto, de um lado, tinhamos os progressistas humanitários que queriam contar os escravos como pessoas como outras quaisquer, e do outros os racistas esclavafistas que não queriam contar os escravos como pessoas, certo?

Errado – era ao contrário : eram os esclavagistas que queriam contar os escravos por inteiro, e eram os anti-esclavagistas que não os queriam contar. A explicação é simples: a questão dos 3/5 tinha a ver com o método usado para determinar quantos representantes cada Estado iria ter no Congresso federal. Como é evidente, os escravos não tinham direito a voto – contar os escravos para distribuição de deputados iria aumentar a representação dos brancos livres do Sul (nomeadamente os donos das plantações), já que só esses é que poderiam votar. Já o campo anti-escravatura defendia que os escravos não deveriam contar, exactamente para reduzir o peso do Sul no Congresso (e com o argumento que, se os escravos não contavam como pessoas para tudo o resto, não faria sentido contarem como pessoas para efeitos da representação política dos Estados esclavagistas). Os “3/5” foram o compromisso possivel.

A invenção da Palestina

A propósito das recentes e polémicas declarações de Newt Gingrich, recordo este artigo de 1989 de Daniel Pipes: “The Year the Arabs Discovered Palestine”

This point cannot be overemphasized. Palestine was brought into existence by Brit­ish imperial authorities, not by Arabs; fur­ther, Muslims felt defeated by the British carving out of a distinct Palestinian entity. I know of no Palestinian endorsing this act when it took place in 1920. To the contrary, every recorded opinion suggests intense opposition.

Mais no Daled Amos

Convém perceber minimamente dos assuntos (2)

O último ministro das finanças que pôs em ordem as contas públicas e deixou os portugueses pobres… chegou a primeiro-ministro. Foi António de Oliveira Salazar. Por esta ordem de ideias, ainda vamos ter Gaspar a substituir Passos Coelho.


Evolução do PIB português em percentagem da Europa evoluída. Gráfico de Álvaro Santos Pereira e Pedro Lains

A sério. Convinha que as pessoas se informassem antes de proferirem determinadas sentenças. Para além da curiosa tese que pretende estabelecer entre o empobrecimento e a sustentabilidade das finanças que só parece ter sido copiada dalgum missal da extrema-esquerda a realidade também não lhe dá razão. Verifiquem igualmente o gráfico infra e verifiquem a como evoluiu, em períodos idênticos o endividamento público e a convergência da economia portuguesa.

Evolução da dívida pública portuguesa em percentagem do PIB. Gráfico de Álvaro Santos Pereira e Pedro Lains

Anti-semitismo no PCP

O Avante subscreve o enredo do Protocolo dos Sabios de Sião. Ver os comentários do Miguel Serra Pereira.

O mito da necessidade de uma entidade supranacional europeia

Michael Cembalest da J P Morgan citado no Infectious Greed

To summarize, Europe seems to be on a Quixotic quest for mechanisms to support a peace that had already been obtained by 1954, or shortly thereafter. As a result, the European creation myth of the 1990’s (“Europe must accept supranational political and economic structures to prevent future conflict”) may be flawed. Such a flaw, to the extent that Europeans no longer believe it, may explain a lot of things, from public referendums rejecting the EU constitution; to the lack of widespread support for regional transfers; and the reluctance of countries like Ireland to yield sovereignty over their fiscal affairs. Taken to its logical conclusion, the European Monetary Union may continue to struggle under both the strain of its economic inconsistencies, and the weakness of its political roots.

It’s dejà vu all over again

O “rating” da República portuguesa está em “A-“, de acordo com a classificação definida pela Standard & Poor’s (S&P) (…) Mas (…) [c]om base no actual preço dos CDS – instrumentos financeiros que permitem ao detentor de títulos de dívida proteger-se perante um possível incumprimento por parte do emitente -, o “rating” de Portugal deveria ser de “B+”, ou seja, sete níveis abaixo da definida pela S&P.

Tal como anteriormente e ao contraro do que garante a vox populi, a avaliação do risco pelas agências de notação parece pecar por defeito e não por excesso. Desta forma, não estou a ver como poderão ser causa dos infortúnios que se lhes atribuem. A prometida regulamentação e/ou criação de uma agência comunitária tenderá a agravar este problema. Mas não deixem os factos atrapalharem os vossos planos.

Nota: o título é uma das famosas tautologias de Yogi Berra.

Mitos da Iª Guerra Mundial

“A Grande Guerra” de Fernando Gabril no Diário Económico (e em versão integral no Gerontion)

Na semana passada os jornais noticiaram o “fim” da I Grande Guerra, com o pagamento pela Alemanha da última parcela das reparações de guerra. Referindo-se ao assunto, o Daily Telegraph resumiu de forma clara um mito duradouro: as reparações de guerra impostas à Alemanha constituíram um fardo “insuportável”, cujas consequências económicas “determinaram” a ascensão de Hitler e a eclosão da II Guerra Mundial. Este mito concorreu para a entronização intelectual de Keynes, promovida por uma historiografia ideológica que o representou como o único a antecipar as consequências desastrosas de uma paz que exigiu à Alemanha reparações “impossíveis” de pagar e “humilhantes”. Continuar a ler

O mito do “modelo sueco”

“Sweden’s Quiet Revolution” de Duncan Currie (National Review Online)

During the first half of the 20th century, Sweden benefited enormously from its non-participation in the two world wars, which devastated Europe’s major industrial powers. Blessed with abundant natural resources, it was a staunch defender of property rights and a robust advocate of free trade. Cultural homogeneity, a strong legal framework, and a lack of corruption promoted famously high levels of trust and social cohesion. Sweden had a welfare state, but it also had an open, free-market economy. “As late as 1950,” Norberg observed, “the total tax burden was no more than 21 percent of GDP, lower than in the United States and Western Europe.”

In other words, Sweden became a fantastically rich country before it started greatly boosting taxes, spending, and regulation during the 1970s. Cleveland Fed economist Emre Ergungor has noted that “the marginal income tax rate on full-time workers earning the average hourly wage increased from 35 percent in the second half of the 1960s to 65 percent in 1976.” Soaring taxes funded a dramatic expansion of government: The public sector accounted for 20 percent of total Swedish employment in 1965 and 38 percent in 1985. Continuar a ler